Secretário do Dicastério para a Cultura fala sobre ética no uso da IA

  • 28/01/2025

Dom Paul Tighe ilustra o documento do Vaticano sobre a IA, enfatiza seu potencial e destaca a necessidade de orientar o desenvolvimento responsável da tecnologia

Da redação, com Vatican News

Dom Paul Tighe, secretário do Dicastério para a Cultura / Foto: Reprodução Youtube

Uma contribuição para o debate sobre o tema da inteligência artificial (IA), oferecendo um guia ético e pontos para a reflexão. É assim que Dom Paul Tighe, secretário do Dicastério para a Cultura e a Educação, resume o documento Antiqua et nova: Nota sobre a relação entre inteligência artificial e inteligência humana, publicado nesta terça-feira, 28, pelo seu Dicastério e pelo Dicastério para a Doutrina da Fé. O documento está disponível em três idiomas: italiano, inglês e espanhol (acesse aqui). 

Tighe enfatizou que o novo documento tem o objetivo de contribuir para o debate sobre o tema da IA, oferecendo um guia ético e pontos para a reflexão. “Há uma compreensão mais ampla da inteligência que tem a ver com nossa capacidade humana de encontrar um propósito e um significado em nossas vidas, e essa é uma forma de inteligência que as máquinas simplesmente não são capazes de substituir”, disse.

Ainda sobre o novo documento, Dom Tighe explicou que as reflexões ali contidas foram desenvolvidas nos últimos anos. E essas reflexões querem inspirar um pensamento crítico sobre como utilizar a IA e os benefícios que ela pode oferecer ao mundo. “Depois queremos alertar as pessoas sobre o que precisamos prestar atenção para garantir que não criemos inadvertidamente algo que possa ser prejudicial à humanidade e à sociedade”, observou.

Polarização, fake news e redes sociais

De acordo com o prelado, a absorção do uso da IA foi rápida, especialmente por conta das redes sociais. Por outro lado, não houve um uso crítico da tecnologia e seus “possíveis efeitos contraproducentes”, como descreveu. “Talvez não tenhamos percebido as desvantagens em termos de polarização, fake news e outros problemas. Queremos abraçar algo que tem um enorme potencial para os seres humanos: queremos ver esse potencial, mas, ao mesmo tempo, prestar atenção aos possíveis efeitos contraproducentes. E acho que é isso que estamos tentando fazer aqui. Em um dia, lemos nas manchetes que a IA será a salvação de todos nós e, no dia seguinte, que ela causará a aniquilação e o fim do mundo. Tentamos oferecer às pessoas uma abordagem mais equilibrada”, ponderou.

O bispo também foi veemente em uma afirmação: por mais inovadoras que sejam, essas tecnologias não substituem diversos aspectos da humanidade. “O que incentiva o bem-estar dos seres humanos? E essa é uma forma de inteligência que as máquinas simplesmente não são capazes de substituir. Na tradição católica, a maneira como entendemos a inteligência é mais do que apenas raciocínio, cálculo e processamento, mas também inclui nossa capacidade de buscar propósito, significado e direção em nossas vidas. Acho que o que sempre nos preocupa é a busca pela verdade suprema, o que é que dá forma, propósito e significado à vida. Portanto, podemos usar a IA para nos ajudar em alguns aspectos, mas, em última análise, nossa dimensão intelectual vai além de algo que pode ser feito simplesmente por uma máquina”, definiu o sacerdote.

Uma visão antropológica

Dom Tighe ressaltou que a Antiqua et nova reúne questões éticas e diversas outras iniciativas a fim de tornar o tema mais antropológico. “O documento é resultado disso e reúne muitas outras iniciativas. Ele também oferece uma unidade de visão, que busca unir as questões éticas e vinculá-las à visão antropológica mais fundamental do que nos torna humanos”, explicou.

Outro problema, de acordo com o secretário do Dicastério para a Cultura, pode ser o aprofundamento das desigualdades sociais que a IA pode criar. “Uma área em que a IA tem um potencial extraordinário é a da saúde. Mas sabemos que a assistência médica já tende a ser distribuída de forma desigual. A IA levará a mais desigualdades nessa área? Grande parte de nossas reflexões aborda essas questões”.

Um documento universal

O bispo ainda reforçou que o novo documento do Vaticano tem um caráter universal — e pode ser estudado inclusive por não católicos. “O que eu gostaria de dizer às pessoas que lerão este documento é que, sejam elas católicas ou não, o objetivo é estar o mais informado possível sobre o que está acontecendo no momento, sem se sentir impotente ou excluído”, salientou o prelado.

Outro aspecto importante que o documento apresenta, para dom Tighe, é o uso responsável da tecnologia. “Todos devem pensar sobre seu próprio grau de responsabilidade — e isso também diz respeito e se estende ao usuário — e se perguntar: vou começar a compartilhar conteúdo que sei que é duvidoso ou que imagino que possa incitar o ódio? E, assim, assumir a responsabilidade pela forma como uso a IA”.

Para ler a entrevista original, em inglês, clique aqui.

 

O post Secretário do Dicastério para a Cultura fala sobre ética no uso da IA apareceu primeiro em Notícias.

FONTE: https://noticias.cancaonova.com/igreja/secretario-do-dicasterio-para-a-cultura-fala-sobre-etica-no-uso-da-ia/


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Top 5

top1
1. ORAR COSTUMA FAZER BEM

PADRE ZEZINHO

top2
2. NOITES TRAIÇOEIRAS

PADRE MARCELO ROSSI

top3
3. AVE MARIA

ROBERTO CARLOS

top4
4. ORAÇÃO DA FAMILIA

PADRE ZEZINHO

top5
5. ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO

CID MOREIRA

Anunciantes